Análise Psicológica (2006), 3 (XXIV): 363-372 Questões sobre pesquisa qualitativa e pesquisa fenomenológica
Segundo Merleau-Ponty, “é o homem que investe
tarefa já empreendida exaustivamente ao longo
o mundo de significados”. Tomando como ponto
dos diversos embates epistemológicos com respeito
de partida esta colocação, surge-nos questões as
à Psicologia (González Rey, 1999; Scarparo, 2000;
mais variadas com relação ao procedimento empírico
Bruns & Holanda, 2003), e já discutido em trabalho
em Ciências Humanas (em geral), e em Psicologia
(em particular). A questão do método em Psicologia
Nosso objetivo neste artigo é empreender uma
sempre foi questão controversa ao longo da história,
discussão em torno da diversidade dos métodos
desde a constituição da “ciência psicológica” como
qualitativos de pesquisa em Psicologia, com especial
ciência naturalista, até os dias atuais, quando se
destaque para o método fenomenológico, como
reflete sobre a diversidade das possibilidades da
um modelo compreensivo que apresenta significativa
apreensão do humano e suas perspectivas (Amatuzzi,
relação com o fenômeno psicológico.
Comumente se descreve os métodos qualitativos
No esteio das reflexões sobre o status da Psicologia
como modelos diferenciados de abordagem empírica,
enquanto ciência – natural (ou empírica) ou “humana”,
especificamente voltados para os chamados “fenô-
com suas especificidades – costuma-se estabelecer
menos humanos”, ou seja, como métodos que fogem
categorias metodológicas distintas para contextos
da tradicional conexão com aspectos empíricostais como medição e controle. Segundo Mucchielli
diversos: em especial quando se fala de métodos
quantitativos versus métodos qualitativos. Cremosser desnecessário, neste espaço, discorrermos sobre
Os métodos qualitativos são métodos das
o caráter da cientificidade dos métodos qualitativos,
ciências humanas que pesquisam, explicitam,analisam, fenômenos (visíveis ou ocultos). Esses fenômenos, por essência, não sãopassíveis de serem medidos (uma crença,uma representação, um estilo pessoal derelação com o outro, uma estratégia face um
(*) Psicólogo. Mestre em Psicologia Clínica pela
Universidade de Brasília e Doutor em Psicologia pela
PUC-Campinas. Primeiro-Secretário da Associação Brasileira
eles possuem as características específicas
para o Avanço Conjunto da Filosofia, Psicopatologia
dos “fatos humanos”. O estudo desses fatos
e Psicoterapia – Abrafipp. Didata do Instituto de Gestalt-
humanos se realiza com as técnicas de pesquisa
Terapia de Brasília. Coordenador do Grupo ARCHÉ –
e análise que, escapando a toda codificação
Programa de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Feno-menologia da Religião e da Espiritualidade (UnB).
essencialmente sobre a presença humana e
de acesso ao fenômeno. Estas particularidades
ficam mais presentes quando vislumbramos a
sobre a inteligência indutiva e generalizante,
O estudo dos determinantes qualitativos na
Podemos partir desta definição para caracterizar
psicologia se define pela busca e explicação
o método qualitativo em pesquisa e apontar o modelo
de processos que não estão acessíveis à
fenomenológico dentro desta modalidade. González
experiência, as quais existem em complexas
Rey (1999) aponta para o que chama de “caráter
e dinâmicas inter-relações que, para serem
oculto” da evidência. Segundo ele, a “qualidade”
dos fenômenos não aparece imediatamente à expe-
riência, nem se constrói por via da indução. A
variáveis” (González Rey, 1999, p. 54).
abordagem qualitativa propõe-se, então, a elucidar
Se partirmos da idéia de unidade indissolúvel
e conhecer os complexos processos de constituição
entre o metodológico e o epistemológico, ou seja,
da subjetividade, diferentemente dos pressupostos
entre a produção e elaboração do conhecimento e
“quantitativos” de predição, descrição e controle.
as diversas formas deste conhecimento, veremos
Isto levanta algumas questões, tais como: a
que a investigação qualitativa não se define instru-
definição de método “qualitativo” ou “quantitativo”
mentalmente, mas epistemologicamente, apoiada
encontra-se no objeto de estudo, ou na forma de
no processo de construção do conhecimento.
tratamento dos dados? Ou, será realmente inviável
Definiríamos a investigação qualitativa a
a possibilidade de codificação dos “fatos humanos”?
Ou ainda, não será necessário revermos nossaspróprias concepções a respeito do que caracteri-
1) Pela inclusão da subjetividade no próprio
zamos como sendo “quantificável” ou não? O próprio
ato de investigar – tanto a do sujeito do
autor assinala que “. o problema não está emusar um instrumento quantitativo, o problema está
“pesquisa-participante” ou da pesquisa “heu-
em definir o que este instrumento avalia, e como
rística”), como a do sujeito pesquisado, pelo
utilizamos essa avaliação no processo geral deconstrução do conhecimento” (González Rey, 1999,
no caso da pesquisa “empírico-fenomeno-
A rigor, concordamos com a idéia de que o
2) Por uma visão de abrangência do fenômeno
tratamento dos dados representa, em grande medida,
pesquisado, realçando a sua circunscrição
a dificuldade primeira encontrada nas investigações
junto aos demais fenômenos – sociais, culturais,
que procuram dados de compreensão da realidade
subjetiva do ser humano. Por outro lado, também
pesquisa “hermenêutica”, por exemplo).
consideramos o fato que, ao analisarmos, questio-
Assim, qualquer esboço de definição do que é
narmos, isolarmos, buscarmos a compreensão deste
qualitativo em metodologia, ao mesmo tempo
ou daquele fenômeno humano, estamos – na verdade
em que é considerado como um contraponto aos
– em busca de um modelo minimamente organizado
modelos quantificadores, representa, na verdade, um
que sirva como referência à compreensão do mesmo
modelo que destaca ou releva certos elementos
fenômeno (ou de fenômeno similar), num segundo
característicos da natureza humana, os quais as
momento. Assim, estamos, de fato, em busca de
metodologias quantificadoras têm dificuldade de
criarmos uma “codificação” – mínima, que seja
– para o fato humano. Além disso, concordamos
Em trabalho anterior (Holanda, 2002), já discutimos
ainda com o fato de que um tratamento unilateral
o fato de que a pesquisa qualitativa nasce no seio
da realidade é, necessariamente, limitadora desta.
das investigações sociológicas e antropológicas,
Resulta disso que a polêmica entre o “quantitativo”
penetrando na Psicologia a partir destas disciplinas.
e o “qualitativo” – como apontado anteriormente
Existe uma relativa diversidade de modelos e
– se dilui em perspectivas. A pesquisa da experiência
métodos de abordagem qualitativa da realidade.
humana carrega consigo particularidades e possi-
Convém relacionarmos algumas das principais
bilidades que transcendem este ou aquele modelo
abordagens qualitativas para podermos circunscrever
a posteriori o método fenomenológico. Iremos
Creswell (1998) descreve com mais detalhes
nos reportar, basicamente, a dois autores, como
compiladores destes modelos: J. Creswell (1998),
b) Descritiva e analítica, que parte da descrição
que publicou “Qualitative Inquiry and Research
detalhada dos pressupostos e do conteúdo
Design: Choosing among Five Traditions”, e Clark
de determinada teoria, com especial atenção
Moustakas (1994), que aborda mais especificamente
às “controvérsias” como relevante para o
o modelo fenomenológico, em seu livro “Pheno-menological Research Methods”. Estas duas obras
c) Quantitativa, como uma forma objetiva de
serão apenas referências para podermos analisar
posteriormente os modelos fenomenológicos de
determinado(s) autor(es) sobre o desenvol-
vimento científico (como o estudo da freqüência
Creswell (1998) aponta na direção de cinco
“tradições” na investigação qualitativa: a biografia
d) Social, que enfatiza as relações entre cons-
(ou estudo biográfico), o estudo fenomenológico,
trução e evolução das idéias psicológicas e
a “grounded theory” ou teoria fundamentada, a
o contexto sócio-histórico nas quais estão
etnografia e o estudo de caso. Moustakas (1994)
aponta também para cinco modelos de pesquisa
e) Psicossocial ou “psicossociologia do conhe-
qualitativa: modelo etnográfico ou etnografia; teoria
cimento”, que leva em consideração “tantofundamentada ou “grounded research theory”;
os aspectos relacionados à interação nohermenêutica; a pesquisa fenomenológica e a heu-interior da comunidade científica como suasrelações com o contexto” (Campos, 1998,
Discutiremos inicialmente os destaques particulares
de cada um dos autores, começando por Creswell(“estudo biográfico” e “estudo de caso”) e depois
A principal razão de se estudar a história da
para Moustakas (“hermenêutica” e “heurística”),
Psicologia está na possibilidade deste estudo auxiliar
e depois caracterizaremos os modelos discutidos
na integração de um campo que se caracteriza por
em comum, como são os casos da “teoria fundamentada
sua diversidade e fragmentação. A nosso ver, a
na pesquisa”, da pesquisa “etnográfica” e da pesquisa
pesquisa historiográfica é um instrumento necessário
para a compreensão epistemológica da ciência
Antes de tudo, porém, gostaríamos de destacar
psicológica, e para a compreensão de seu locus
um modelo de pesquisa que vem sendo bastante
desenvolvido atualmente e que não se encontra
A pesquisa historiográfica tem ocupado cada
citado em nenhuma das duas obras por nós refe- renciada acima. Trata-se da pesquisa historiográfica ou historiografia (Campos, 1998; Brozek & Massimi, 1998; Scarparo, 2000).
A pesquisa historiográfica visa à coleta,
1 Um comentário parece-nos merecer destaque. Como
catalogação e descrição de acontecimentos históricos
estamos apontando desde o início, a discussão em torno
para posterior interpretação e construção de um
de um locus especial deste ou daquele modelo de pesquisa
quadro relevante para a ciência. No caso da Psicologia,
– seja quantitativo ou qualitativo – esbarra nas neces-sidades advindas, tanto do pesquisador quanto das próprias
a ênfase recai sobre documentos ou trabalhos
demandas sociais (aqui entendidas como derivadas de
publicados por pesquisadores, a partir dos quais
um campo específico do conhecimento, ou seja, no nosso
busca-se reconstruir a própria evolução das teorias
caso, da Psicologia. Qual a necessidade atual desta ciência?
e das descobertas, inserindo-as num contexto de
A resposta a esta questão responde em parte pela escolha
do método). Assim é que, qualquer destes modos “qua-litativos” de se abordar o fenômeno psicológico podem
Campos (1998), ao apontar para a multiplicidade
ser transmutados em modos “quantitativos” e vice-versa.
dos modos de se fazer pesquisa histórica, cita cinco
Um determinado fenômeno (p. ex., a “vivência da loucura”)
formas de construção da evidência historiográfica:
pode ser melhor descrita a partir de um modelo fenome-nológico de pesquisa, mas estes mesmos relatos podem
a) Biográfica, onde a vida e a obra do autor
ser agrupados e avaliados num contexto quantitativo,
são as principais fontes de dados, e que
conforme necessidade ou escolha do pesquisador.
vez mais espaço no contexto científico brasileiro,
Creswell (1998) destaca, na Psicologia, o livro
bastando para isto destacar a existência de um
de Gordon Allport, intitulado “Usos de Documentos
Grupo de Trabalho desta natureza na ANPEPP
Pessoais na Ciência Psicológica”, publicado em
(Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação
1942, como um importante documento para a
em Psicologia), que chegou a produzir, em 1996
(Vol. 1, N.º 15), caderno especial sobre História
Estruturalmente, o estudo biográfico subdivide-se
da Psicologia, organizado pela Prof.ª Regina Helena
de Freitas Campos (UFMG). Todavia, numerosos
a) Estudo Biográfico, propriamente dito, onde
outros empreendimentos ainda merecem destaque,
a história individual é escrita por algum
como o “Projeto História da Psicologia Brasileira”,
pesquisador, a partir de documentos e registros;
encaminhado pelo Conselho Federal de Psicologia
b) Autobiografia, onde a história é escrita pelas
que vem produzindo vídeos e livros sobre perso-
nalidades brasileiras (como a Coleção “Pioneiros
c) História de Vida, que consiste no relato de
da Psicologia Brasileira”), bem como reeditando
vida de um indivíduo, muito usado em ciências
obras esgotadas de inestimável valor para a ciência
sociais e antropológicas, correlacionando-o
brasileira; e mais recentemente, a criação de um
com temas culturais, sociais e institucionais,
grupo de trabalho de História da Psicologia na
que se dá através de uma coleta primária
ABEP (Associação Brasileira de Ensino da Psicologia),
de entrevistas e conversas com o sujeito; e,
coordenado pela Prof.ª Ana Maria Jacó-Vilela
d) História Oral, que é a reunião de lembranças
(UFRJ). A título de ilustração e para demonstrar
de eventos, suas causas e efeitos, a partir
a diversidade do tema, apresentamos aqui algumas
referências atuais sobre a questão: Massimi, Mahfoud,Silva e Avanci (1999); Antunes (1999); Jacó-Vilela,
O autor acrescenta ainda que as biografias
Jabur e Rodrigues (1999); e mais recentemente,
podem ser escritas “objetivamente” – com pouca
interpretação do pesquisador – , “eruditamente”
Retomemos agora nossas principais referências,
– a partir de uma formação histórica e crono-
a partir das descrições particulares como assina-
lógica –, “artisticamente” – a partir de detalhes –
lamos acima. Um dos primeiros modelos de pesquisa
ou “narrativamente” – contando com uma
qualitativa apresentados por Creswell (1998) é a
explicitação ficcional. Trata-se de um modelo de
biografia ou estudo biográfico. Consiste no estudo
grande importância para a pesquisa histórica, onde
de um indivíduo e de suas experiências, seja através
se circunscreve o sujeito a ser estudado dentro de
de depoimentos, seja a partir de documentos e/ou
seu contexto sócio-cultural. Um exemplo bem atual,
material arquivado. Trata-se da descrição de momentos
é a biografia de Heidegger, publicada por Rüdiger
significativos da vida de um indivíduo, através
Safranski3, que lança mão de documentos da época
de documentos vitais. Inclui biografias individuais,
para traçar um panorama da personalidade do
histórias de vida e histórias orais.
O estudo biográfico é um tipo de trabalho que
Creswell (1998) ainda aponta para os seguintes
se alicerça em diferentes disciplinas e é encontrado
passos metodológicos do trabalho biográfico:
principalmente na literatura, na história, na
1) Parte-se de um conjunto objetivo de expe-
antropologia, na sociologia e na psicologia. Representa
riências, observando estágios e experiências
uma pesquisa com “documentos de vida”.
do curso de vida, seja a partir de uma cronologia(utilizando-se da linha temporal como refe-rência), seja categorizando por experiências(educação, família, trabalho, etc.);
2 Nesta obra em particular, há dois capítulos versando
sobre a história da perspectiva humanista brasileira deautoria de William Gomes e Gustavo Gauer, contandocom a colaboração deste autor: “Primórdios da Psicologia
3 “Heidegger. Um mestre da Alemanha entre o bem
Humanista no Brasil”, e “História das Abordagens Huma-
e o mal”, de Rüdiger Safranski (2000), São Paulo:
2) Reúne-se, então, material biográfico contextual
sua utilidade ou relevância corre o risco de se
concreto, ou seja, reúnem-se “histórias”, o
tornar excessivamente subjetiva); b) em segundo
que pode ser feito, por exemplo, a partir de
lugar, a escolha da delimitação do caso (se um
caso único ou múltiplo) e; c) finalmente, as fronteiras
3) Organiza-se as histórias em torno de “eixos”
do caso, ou as complicações inerentes à circunscrição
dos casos, ou seja, como este caso “toca” os demais
4) Parte-se para a exploração dos significados
campos. Acrescentaríamos o fato de que o estudo
de caso pode tornar-se, a despeito de sua objeti-
5) Busca-se maiores estruturas para explicar
vidade, um instrumento e não um método espe-
os significados (interações sociais, produções
cífico de trabalho, daí a necessidade de se ter clareza
culturais, ideologias, contexto histórico) para
da circunscrição de seu objeto de estudo para um
a interpretação (ou “trans-interpretações”,
que vão além da simples interpretação dos
Moustakas (1994) destaca dois modelos que
Creswell (1998) não aborda: a hermenêutica e apesquisa heurística. Principiaremos pela Hermenêutica.
Os desafios deste modelo de pesquisa são múltiplos.
O vocábulo “Hermenêutica” advém do grego
Um dos principais refere-se à coleta de dados –
hermeneutikós, que por sua vez deriva do verbo
requer um vasto material para que se possa ter
hermeneuein, que significa “interpretar”. Originalmente
acesso a um mínimo de informações necessárias.
é um termo derivado da teologia, designando uma
É necessário ainda um compreensão clara do material
metodologia de interpretação dos textos bíblicos,
histórico e um olhar apurado para se explicitar o
passando posteriormente a designar um esforço
contexto, sob pena de superficialização do trabalho.
de interpretação de um texto difícil. Contempo-
Caso se utilize um modelo interpretativo, o pes-
raneamente, costuma designar – na filosofia – a
quisador deve ser capaz de se colocar na narrativa
reflexão sobre os símbolos, como temos em Paul
Ricoeur (Japiassu & Marcondes, 1990). Para
Creswell (1998) apresenta ainda o “estudo de
Abbagnano (1986), por “Hermenêutica” designa-se
caso”, tanto como uma metodologia qualitativa
de pesquisa como quanto um objeto de estudo.
Para Moustakas (1994), hermenêutica é entendida
Refere-se à exploração de um sistema delimitado,
como a exploração ou modelo de pesquisa cujo
partindo de uma coleta de dados detalhada, em
foco está na consciência e na experiência. Deriva
profundidade, envolvendo fontes múltiplas de infor-
das idéias de Wilhelm Dilthey, para quem, toda
ciência e todo saber é empírico, mas toda experiência
O foco do estudo de caso pode ser intrínseco
está originalmente conectada e validada pela nossa
(quando se encara o “caso” na sua singularidade)
consciência. Segundo a hermenêutica, é através
ou instrumental (tomando-se o “caso” como ilustração).
do horizonte da experiência (que primeiramente
Se houverem mais casos, então o estudo caracte-
parece nos dizer sobre nossos próprios estados
rizar-se-á como sendo “caso coletivo”.
interiores) e de seu “alargamento”, que se passa
Os passos a serem seguidos são os seguintes:
a saber sobre o mundo externo e sobre as demais
em primeiro lugar, escolhe-se o “caso” (define-
pessoas, ou seja, parte-se de si-próprio para expandir
se qual o estudo de caso é o mais promissor ou
útil, podendo este ser único ou coletivo, multi-
A hermenêutica procura pela intenção original
situado ou interno, intrínseco ou instrumental); em
do autor, pela originalidade do sujeito mas, para
seguida, coleta-se os dados extensivamente, com
tanto, enfatiza a circunscrição histórica do sujeito.
múltiplas fontes de informações. Um terceiro passo,
Dilthey acreditava que, para se entender a expe-
a análise dos dados, pode ser “holística” (tomando
riência humana, além de descrever a experiência
o caso por inteiro) ou “embutida” (tomando aspectos
em si, era necessário estudar a história, e os estudos
específicos do caso) e, finalmente, a interpretação
da experiência são dependentes da circunscrição
final (elabora-se o aprendido com o caso).
histórica desta e das descrições para formar um
Os desafios inerentes a este modelo, segundo
todo. É preciso descobrir como os estudos humanos
o autor, são os seguintes: a) em primeiro lugar, a
própria identificação do caso (a designação de
O que a perspectiva hermenêutica traz de
grande contribuição e que está no centro de sua
Outro modelo de pesquisa qualitativa apontada
metodologia e de seu projeto, é a idéia de inter-
por Moustakas (1994) é a pesquisa heurística. A
relação entre ciência, arte e história, para a elaboração
palavra “Heurística” decorre do verbo grego heuriskein,
que significa “encontrar”, “descobrir”. Segundo
A hermenêutica tornou-se conhecida a partir
Abbagnano (1986), o verbo grego ευρισιχω corres-
dos trabalhos do chamado “Círculo Hermenêutico”:
ponde a “encontro”, “busca” ou “arte da busca”.
A expressão “círculo hermenêutico” é uma
“Diz-se que um método é heurístico quando leva oaluno a descobrir aquilo que se pretende que ela
compreensão das ciências do espírito (e também
aprenda: a maiêutica socrática é, por excelência,
humanas) e da interpretação em geral. Com
um método heurístico” (Japiassu & Marcondes,
ele deparou sempre, na nossa cultura, a reflexão
sobre o afazer interpretativo – desde a
Refere-se a um processo de pesquisa interna
através do qual se descobre a natureza e o significado
(no seio da cultura grega) até à exegese
da experiência, e desenvolve métodos e procedi-
tipológica da patrística e da teologia medieval,
mentos para investigações futuras. Neste modelo
ao sola scriptura de Lutero e às diversas
o self do pesquisador está presente ao longo de
teorias da hermenêutica (Schleiermacher,
todo o processo, ou seja, o pesquisador experiencia
Dilthey, Heidegger, Gadamer e P. Ricoeur)
self-awareness (auto-consciência) e auto-conhe-
O processo heurístico engloba processos “auto-
Define-se pelo fato de que o solo das interpretações
criativos” e “auto-descobertas”, principiando por
se dá sobre as experiências que são continuamente
uma questão ou problema que o pesquisador pretende
refeitas e reinterpretadas: “O homem cresce sobre
responder. Trata-se, pois, de um processo “auto-
si mesmo, é um novelo de experiências. E cada
biográfico”, englobando seis fases: a) engajamento
nova experiência é uma experiência que nasce
inicial, b) imersão na questão, c) incubação, d)
sobre o fundo das anteriores e a reinterpreta” (Reale
iluminação, e) explicação e f) culmina numa síntese
& Antiseri, 1991, p. 628). Em outras palavras, a
criativa. Nas investigações heurísticas, a verifi-
base da hermenêutica está na própria experiência.
cação se dá retornando aos participantes da pesquisa,
Hans-Georg Gadamer, em seu livro Verdade e
partilhando com eles os significados e as essências
Método, apresenta o percurso da construção de uma
do fenômeno como derivados da reflexão sobre a
teoria hermenêutica, definindo a possibilidade dacompreensão do ser através da linguagem: “O serque pode ser compreendido é linguagem” (Gadamer,
A grande contribuição do modelo heurístico está
1998, p. 687). Na linguagem estão contidos, tanto
na intrínseca participação do sujeito do pesquisador
o questionamento, quanto a sua própria resposta.
no próprio ato da pesquisa, isto é, na efetiva colocação
Heidegger entende o processo hermenêutico
da subjetividade do pesquisador no ato de pesquisar.
como uma pré-estrutura constitutiva da experiência
No contexto da pesquisa heurística em psicologia,
humana, ou seja, a interpretação faz parte da estrutura
Maciel (2004, p. 184) assinala: “É vital para a pesquisa
básica da experiência (Morão, 1990; Moustakas,
heurística o engajamento, ou seja, a postura humana
1994), posição que Gadamer reitera, ao considerar
básica que depende da estrutura da afirmação
o “círculo hermenêutico” como um “momentovolitiva, e que se manifesta em Moustakas comoestrutural ontológico da compreensão”, onde está
o “estar-com” o dado, conviver com a experiência”.
presente a antecipação do sentido (Morão, 1990).
A teoria fundamentada (“grounded research
Na perspectiva de Paul Ricoeur, definem-se
theory”), para Creswell (1998) é um modelo que
alguns critérios para a elaboração de um trabalho
tem por objetivo gerar ou descobrir uma teoria, a
hermenêutico, dentre os quais destacamos o esforço
partir de uma situação na qual os indivíduos interagem.
pela fixação no sentido, bem como a necessidade
Para Moustakas (1994) é um modelo cujo foco é
de se interpretar os protocolos como um todo,
decifrar os elementos da experiência. A partir do
como uma gestalt de sentidos interconectados, o
estudo desses elementos e de suas inter-relações,
que revela a potencialidade para múltiplas inter-
desenvolve-se uma teoria que torna o pesquisador
apto a entender a natureza e o sentido de uma
experiência para um grupo particular de pessoas
objeto a ser estudado (similarmente à “redução”
na fenomenologia); b) apesar da natureza indutiva
Coleta-se primariamente dados de entrevistas,
do trabalho, trata-se de uma abordagem sistemática
a partir de múltiplas visitas ao campo. A teoria é
de pesquisa, com passos específicos a serem seguidos
gerada durante o processo de pesquisa e conco-
e respeitados; c) há uma certa dificuldade na
mitante à coleta dos dados, ou seja, à medida que
indicação do que significa “saturação” e, d) deve-se
os dados vão sendo coletados. As hipóteses e os
reconhecer que o resultado primário é uma teoria
conceitos são trabalhados fora do curso do estudo.
Segundo Creswell (1998), historicamente, Barney
Acreditamos que a maior contribuição deste
Glaser e Anselm Strauss, em 1967, sustentaram
modelo de pesquisa consiste exatamente na pers-
que a sociologia deveria “fundamentar” suas teorias,
pectiva de construção da pesquisa a partir dos dados
partindo de dados do campo, num caminho contrário
coletados, numa superação do modelo tradicional
ao uso tradicional de orientações técnicas a priori.
que idealiza o aspecto racional da construção de
A intenção era gerar teoria relacionada intimamente
teoria. Isto vai ao encontro do proposto no início
com o contexto do próprio fenômeno. Metodolo-
deste capítulo, quando discutíamos a respeito da
gicamente, o pesquisador partia de 20 a 30 entrevistas,
construção do pensamento e a relação de “mão-
em várias visitas ao campo, até a saturação. O
procedimento de análise seguiria o seguinte padrão:
Com relação à etnografia ou à pesquisa etnográfica,
“codificação aberta” (para formar categorias abertas),
Creswell (1998) apresenta-a como sendo a descrição
uma “codificação axial” (para agrupar dados em
e a interpretação de um grupo ou sistema cultural
novas formas), uma “codificação seletiva” (para
(ou social), a partir do exame dos padrões de compor-
identificar uma linha histórica) e retratar a matriz
tamentos observáveis (tais como os costumes, por
condicional. O resultado seria uma teoria de “nível
exemplo). Envolve um extenso trabalho de campo
e pode ser aplicado numa variedade de settings
Para Addison (citado por Moustakas, 1994), os
sociais que permitem observações diretas das atividades
princípios básicos deste modelo de pesquisa são:
do grupo estudado, comunicações e interações compessoas, e oportunidades para entrevistas formais
(1) Questionamento: continuamente se questiona
sobre as lacunas dos dados (omissões, incon-
Possui sua gênese na Antropologia Cultural
sistências e compreensões incompletas).
(com Boas, Malinowski, Radcliffe-Brown e Mead)
que, embora partindo das ciências naturais, divergem
obter informações sobre o que influencia
da abordagem tradicional por coletarem dados de
e dirige as situações e os sujeitos que estão
Envolve um engajamento inicial de exploração,
(2) Abertura da pesquisa: neste modelo, realçam-
como planejamento, prontidão à condução do
se os processos, abertos na condução da
estudo, incluindo permissão para observação e
pesquisa, mais do que os métodos fixos e
participação. Busca-se pessoas em situação de
interação, em ambientes comuns, e tenta-se discernir
(3) Reconhecimento da importância do contexto
os padrões comportamentais, através da pesquisa-participante ou de entrevistas. Realiza-se a pesquisa
(4) Desenvolvimento de processos: desenvolve-
fundamentalmente partindo para um trabalho de
se teoria e dados entrevistando processos
campo, reunindo informações – seja por observações,
mais do que observando práticas individuais;
entrevistas ou materiais úteis – e procedendo, a
(5) Simultaneidade: a coleta, a codificação e
seguir, à descrição, análise e interpretação do
a análise dos dados ocorrem simultaneamente
e em relação com cada um dos outros, ao
Deve-se dar destaque à observação participante
como sendo um processo construído duplamente,
pelo pesquisador e pelos “atores sociais” envolvidos.
Para Creswell (1998), os desafios deste modelo
O método exige o máximo de interação e envol-
são os seguintes: a) o pesquisador deve colocar
vimento do pesquisador com aqueles que estão
de lado as teorias e idéias prévias a respeito do
sendo observados, ou seja, requer uma participação
ativa do pesquisador no trabalho da pesquisa. Na
de trabalho tão extenso e complexo, podem limitar
verdade, implica num reconhecimento do caráter
o público e; d) há o risco de uma “nativização”
dialético envolvido do ato de pesquisar, que é a
do pesquisador e a possibilidade deste se tornar
intrínseca ação direta do pesquisador na pesquisa.
Bogdan e Taylor (citado por Moustakas, 1998)
sugerem algumas estratégias para a condução da
perspectiva etnográfica. Segundo Patton (citado
pesquisa etnográfica: a) atenção às palavras-chave
por Moustakas, 1994), o valor da observação parti-
ao observar interações e ao gravar comentários;
cipante define-se pelo fato de que o observador
b) concentração ao abrir e fechar relatórios; c)
está mais apto a entender o contexto no qual as
antes de sair do ambiente, tomar notas de tudo o
pessoas vivem por estar numa observação direta.
que deve ser lembrado; d) não falar com ninguém
Além disso, as “experiências de primeira mão”
antes das anotações estarem completas; e) traçar
tornam o pesquisador apto a deduzir o que é
um diagrama físico do meio ambiente no qual se
significante, podendo aprender coisas às quais os
desenvolve o estudo; f) traçar um esboço de atos
outros não têm acesso. Mas talvez o mais fundamental
específicos (eventos, atividades e conversações).
seja – à semelhança do método heurístico – a
Moustakas (1994) ainda cita algumas considerações
inclusão das percepções do observador no processo
de Patton a respeito da pesquisa etnográfica. Segundo
este último, para a consecução deste modelo de
Por fim, temos o método fenomenológico, ao
pesquisa é importante ser bastante descritivo ao
qual Creswell (1998) descreve como sendo a
tomar notas no campo, reunir a maior variedade
“descrição das experiências vividas” de vários
possível de informações a partir de diferentes
sujeitos sobre um conceito ou fenômeno, com vistas
perspectivas, selecionar informantes-chave, mantendo
a buscar a estrutura “essencial” ou os elementos
clareza de que suas perspectivas são limitadas,
“invariantes” do fenômeno, ou seja, seu “significado
mas que são representativos do contexto ao qual
o estudo está se referindo; estar consciente e sensível
Na perspectiva sociológica, foi trabalhada por
aos diferentes estágios do trabalho de campo (o que
Schutz, que buscava entender como os indivíduos
significa construir confiança e vínculo no estágio
desenvolvem significados das interações sociais.
inicial, lembrar que o avaliador/observador também
Em relação ao método em si, Creswell (1998)
está sendo observado/avaliado); se envolver ao
assinala que o pesquisador deve estar atento à
máximo na experienciação do programa como
compreensão da perspectiva filosófica por detrás
for possível enquanto mantém uma perspectiva
da abordagem, utilizar questões que explorem o
analítica focalizada no propósito do trabalho de
significado da experiência, a partir da coleta de
campo; separar claramente descrição de interpretação
dados de sujeitos que experienciaram o fenômeno
e julgamento; prover feedback como parte do
(que pode ser feita através de entrevistas, depoimentos,
processo de verificação do trabalho de campo (e
estudos de caso, acrescidas de auto-reflexão, etc).
observar o impacto desse feedback); e incluir nas
Com respeito à análise dos dados, o autor cita
notas de campo e na sua avaliação, suas próprias
fundamentalmente a perspectiva compreensiva
experiências, pensamentos e sentimentos, já que
da estrutura essencial, desenvolvida por Giorgi
Como se vê, trata-se de um trabalho – antes de
tudo – extenso e complexo, que demanda grande
claramente este modelo. Foi Adrian Van Kaam
envolvimento da parte do pesquisador, sem o qual
quem operacionalizou a pesquisa fenomenológica
o trabalho fica invalidado. Dentre os desafios inerentes
(denominada de “empírica”, por Moustakas) em
a este modelo, Creswell (1998) destaca: a) este
Psicologia. Van Kaam (1959) partiu da investigação
modelo apresenta-se fundamentado na antropologia
do real sentimento de ser entendido, solicitando
cultural, e deve a ela se referir; b) o tempo utilizado
a estudantes que relembrassem situações onde se
normalmente para a coleta de dados é relativamente
sentiram entendidos por alguém (partindo, assim,
extenso, ou seja, demora-se muito tempo no campo
das descrições de seus sentimentos).
(como podemos observar nos escritos de Malinowski
A pesquisa “empírico-fenomenológica” envolve
em seus estudos sobre os trobriandeses, que duraram
um retorno à experiência para obter descrições
dois anos, por exemplo); c) as narrativas derivadas
compreensivas que darão a base para uma análise
estrutural reflexiva criando um retrato da essência
Creswell (1998) destaca alguns desafios inerentes
a este modelo: a) a necessidade de uma sólida
Giorgi (1985) aponta dois níveis descritivos:
fundamentação filosófica na fenomenologia; b)uma preocupação significativa com a escolha dos
I. Dados originais são compostos de descrições
sujeitos (que devem ser representativos no que
“ingênuas”4 obtidas através de questões
tange à experiência do fenômeno a ser estudado)
e; c) talvez o mais importante, a colocação “entre
II. Pesquisador descreve as estruturas da expe-
parênteses” das experiências pessoais para ir ao
riência baseado nas análises reflexivas e
encontro do fenômeno tal qual ele se mostra.
interpretações dos julgamentos ou histórias
Convém destacarmos algumas qualidades comuns
aos diversos modelos de pesquisa em ciências
O método fenomenológico constitui-se numa
humanas, em contraste com os modelos da ciência
abordagem descritiva, partindo da idéia de que
natural e em relação à pesquisa quantitativa, de
se pode deixar o fenômeno falar por si, com o
objetivo de alcançar o sentido da experiência, ou
1) Reconhecimento do valor das metodologias
seja, o que a experiência significa para as pessoas
qualitativas e dos estudos da experiência
que tiveram a experiência em questão e que estão,
humana como não-aproximadas às abordagens
portanto, aptas a dar uma descrição compreensiva
desta. Destas descrições individuais, significados
2) Foco na experiência de totalidade (em relação
gerais ou universais são derivados: as “essências”
a uma ênfase em objetos e partes nas outras
O principal representante desta metodologia
3) Busca de significados e essências da experiência
talvez seja Amedeo Giorgi, que coordenou durante
(utilizando-se de diferentes medidas e expli-
muito tempo, na University of Duquesne, um grupo
de pesquisa de base fenomenológica, e que elabora
4) Obtenção de descrições da experiência em
passos bem detalhados para um trabalho fenome-
considerações na primeira pessoa, através
nológico. A ele iremos nos referir mais destacadamente
de entrevistas formais, informais e de conver-
no próximo item. Já Van Eckastsberg, segundo
Moustakas (1994), elabora os seguintes passos
5) Um “olhar” aos dados da experiência como
imperativo para compreender o comportamentohumano e como evidência para investigações
1) Formulação do problema – o fenômeno (deli-
6) Formulação de questões e problemas que
2) Situação gerando dados – “protocolo de
vida” (trata-se de uma narrativa descritiva
7) Visão do comportamento e da experiência
3) Análise dos dados – explicação e interpretação
como uma relação integrada e inseparável
(os dados são lidos e escalonados para revelar
entre sujeito e objeto, e entre partes e todo.
sua estrutura, coerência e configuração de
Procuramos apresentar aqui algumas das formas
mais destacadas de pesquisa associadas às ciênciashumanas. Acreditamos que é necessária uma preo-cupação especial com os “dados” do humano,por considerarmos que estes – mesmo não sendode “outra natureza” – que os dados obtidos a partir
4 Aqui consideram-se “ingênuas” aquelas descrições
da observação naturalística, requerem outro
que não passaram pela influência da racionalização,
“olhar”. Isto não implica em dizer que haja um
ou seja, são “pré-reflexivas”, constituindo-se em
contraste e por conseguinte, uma separação entre
descrições que partem – supostamente – da idéia de
o humano e o natural, mas que a observação natu-
que o sujeito, sem refletir a respeito-de, estaria mais
ralista não abarca a integralidade do fenômeno
conectado com a sua própria experiência imediata (comseu “vivido”).
Assim, desde os primórdios da pesquisa social,
Massimi, M. (2004) (Org.). História da Psicologia no
foram-se destacando perspectivas alternativas
Brasil do Século XX. São Paulo: Edusp.
na pesquisa com o humano, na expectativa de se
Massimi, M., Mahfoud, M., Silva, P. J. C., & Avanci, S.
poder alcançar cada vez mais a totalidade deste
H. S. (1999). Navegadores, Colonos, Missionáriosna Terra de Santa Cruz. Um estudo psicológico dacorrespondência epistolar. São Paulo: Edições Loyola.
Morão, J. (1990). In Logos. Enciclopédia Luso-Brasileira
características próprias, faz-se necessário o desen-
de Filosofia. Lisboa: Editorial Verbo.
volvimento de metodologias que privilegiem aspectos
Moustakas, C. (1994). Phenomenological Research
tais como intuição, imaginação, a busca de estruturas
Methods. Thousand Oaks. CA: Sage Publications.
universais, para obter um quadro bem elaborado
Mucchielli, R. (1991). Les Méthodes Qualitatives. Paris:
da dinâmica que subjaz à experiência. Acreditamos
que o modelo fenomenológico de pesquisa pode
Reale, G., & Antiseri, D. (1991). História da Filosofia.
vir a ser uma resposta a esta demanda, contanto
que se tenha sempre em mente os “desafios”
Scarparo, H. (2000) (Org.). Psicologia e Pesquisa. PerspectivasMetodológicas. Porto Alegre: Editora Sulina.
Van Kaam, A. (1959). Phenomenal analysis exemplified
by a study of the experience of ‘really feelingunderstood’. Journal of Individual Psychology, 15
Abbagnano, N. (1986). Diccionario de Filosofia. Mexico:
Amatuzzi, M. M. (1994). A Investigação do Humano:
Um debate. Estudos de Psicologia, 11 (3), 73-78.
Antunes, M. A. M. (1999). A Psicologia no Brasil. Leitura
Neste texto, pretendemos discutir questões relativas
histórica sobre sua constituição. São Paulo: Editora
ao método de pesquisa em Psicologia, partindo de uma
perspectiva geral da Pesquisa Qualitativa e, em particular,
Brozek, J., & Massimi, M. (1998) (Orgs.). Historiografia
da Pesquisa Fenomenológica. Nosso objetivo é empreender
da Psicologia Moderna. Versão brasileira, São Paulo:
uma discussão em torno da diversidade dos métodos
qualitativos de pesquisa em Psicologia, com especial
Bruns, M. A. T., & Holanda, A. F. (2003) (Orgs.). Psicologia
destaque para o método fenomenológico, como um
e Pesquisa Fenomenológica: Reflexões e Perspectivas.
modelo compreensivo que apresenta significativa relação
com o fenômeno psicológico. Para tal, o artigo traça
Campos, L. F. L. (2000). Métodos e Técnicas de Pesquisa
um panorama dos métodos qualitativos, discutindo alguns
em Psicologia. Campinas: Alínea Editora.
modelos, tais como o modelo etnográfico, a pesquisa
Creswell, J. (1998). Qualitative Inquiry and Research
heurística, a hermenêutica, a grounded-theory, a pesquisa
Design: Choosing among Five Traditions. Thousand
historiográfica, o estudo de caso, a pesquisa biográfica,
para por fim, destacar a pesquisa fenomenológica.
Gadamer, H.-G. (1998). Verdade e Método. Traços fundamentaisPalavras-chave: Pesquisa qualitativa, fenomenologia. de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis: Vozes(Original em alemão de 1986).
Giorgi, A. (1985). Phenomenology and PsychologicalResearch. Pittsburg: Duquesne University Press.
González Rey, F. (1999). La Investigación Cualitativaem Psicología. Rumbos y Desafíos. São Paulo: Educ.
This text aims to discuss questions about the research
Holanda, A. F. (2002). O Resgate da Fenomenologia de
method in Psychology, from a general perspective of
Husserl e a Pesquisa em Psicologia. Tese de Doutorado
Qualitative Research and Phenomenological Research.
em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de
The objective of this article is to discuss about the
diversity of qualitative methods of psychological research,
Jacó-Vilela, A. M., Jabur, F., & Rodrigues, H. B. C. (1999).
with special attention on the phenomenological method,
Clio-Psyché: Histórias da Psicologia no Brasil. Riode Janeiro: UERJ.
as a compreensive method which presents significative
Japiassu, H., & Marcondes, D. (1990). Dicionário Básico
relation with the psychological phenomenon. This article
de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
shows an outlook of qualitative methods, discussing
Maciel, J. C. (2004). A Ciência Psicológica em Primeira
few models, like the ethnographic model, the heuristic
Pessoa: O sentido de método heurístico de Clark
research, hermeneutics, grounded-theory, historical
Moustakas para a Pesquisa em Psicologia. Tese
research, case-study, biographical research, and the
Doutorado em Psicologia, Pontifícia Universidade
Key words: Qualitative research, phenomenology.
June 24, 2005 Contact us: chemwatch@chemwatch.net tel +61 3 9572 4700 fax +61 3 9572 4777 Emergency +61 3 9573 3112 70 Bambra Rd Caulfield North Victoria 3161 Australia Commentary: Setting aside tradition when dealing with endocrine disruptors 2005-05-18 In 1996, the US Congress directed the Environmental Protection Agency to produce screens and assays to detect
LARYNGITIS AND SORE THROATS FROM ACID REFLUX PATIENT INFORMATION As many as 30% of people have a hiatal hernia or malfunctioning lower esophageal sphincter (LES). The LES is a muscular valve between the stomach and the esophagus which keeps acidic stomach contents from refluxing (going backwards) up the esophagus. When a person with acid reflux reclines for sleep, acid may travel up to