NEUROCISTICERCOSE
Trata-se da infestação do sistema nervoso central por embriões da Taenia solium (lombriga solitária). Estes embriões, chamados cisticercos, podem se localizar dentro do crânio, ou nos espaços liquóricos ou dentro parênquima nervoso. A infestação inicia por ingestão de ovos da Taenia de alimentos contaminados. No estômago os ovos atravessam a parede gástrica e penetram na circulação sangüínea. São então distribuídos para todo o organismo, inclusive o sistema nervoso central. Aí, os ovos podem ser eliminados ou se desenvolver até cisticercos. Se localizados nos espaços liquóricos (ventrículos, cisternas, espaço subaracnóideo) desenvolvem a forma racemosa (C.racemosus). Se dentro do parênquima, transformam-se em um pequeno cisto com um escólex rudimentar (C.celullosae). A infestação neurológica pode ser única ou se apresentar com um número variável de cisticercos. A reação do hospedeiro, no caso o sistema nervoso central, pode ser mínima e então o cisticerco pode durar indefinidamente e até atingir tamanhos consideráveis. Mas, na maioria das vezes, existe uma reação formando-se nódulos inflamatórios que podem evoluir para o desaparecimento do cisticerco ou transformá-lo numa calcificação residual. Todo este processo pode ser fazer de maneira assintomática ou apresentar manifestações exuberantes como convulsões, hipertensão intracraniana, reações meníngeas, sinais neurológicos difusos ou localizatórios. Assim sendo, o quadro clínico da neurocisticercose é muito variado. Formas assintomáticas existem, não sendo possível estimar a sua incidência; neste caso a neurocisticercose é descoberta ao acaso, com a presença de calcificações nos exames de neuro-imagem. A epilepsia é a manifestação clínica mais comum, geralmente do tipo parcial. Hipertensão intracraniana é outra forma de apresentação, devida a edema cerebral inflamatório, ou formas pseudotumorais, ou hidrocefalia ou associação destes mecanismos. Síndrome meníngea subaguda pode ocorrer. Distúrbios psíquicos são variados, como alterações comportamentais e déficit cognitivo progressivo. Raramente os cisticercos atingem a medula espinhal levando a déficit motor e sensitivo de membros inferiores. O diagnóstico de neurocisticercose obedece a critérios absolutos pela OPAS/OMS. Como critérios absolutos estão a demonstração histológica do parasita, sua visualização no exame de fundo de olho e a presença de lesões características na neuro-imagem (cistos com escoléx). Critérios maiores são as lesões radiológicas sugestivas, testes imunológicos positivos para a detecção de anticorpos anticisticercóticos. Critérios menores e dados epidemiológicos completam a relação de dados para o diagnóstico. São, portanto, importantes os seguintes exames complementares: tomografia computadorizada de crânio sem e com contraste, ressonância magnética do crânio, líquido cefalorraquiano com reações imunológicas específicas. No caso de suspeita de infestação no canal vertebral e na medula, os exames de neuro-imagem deveram ser dirigidos a esta localização.
O tratamento da neurocisticercose pode ser sintomático ou específico, clínico ou cirúrgico. A abordagem cirúrgica está indicada em algumas situações seja para a exerese de lesões expansivas, para retirada de cisticercos dentro dos ventrículos ou espaço subaracnóideo ou derivações ventriculares nas hidrocefalias. As formas epilépticas devem ser controladas com a medicação antiepiléptica convencional. O uso de corticoides como a dexametasona ou prednisona pode se fazer necessário, durante período variável para o tratamento do edema cerebral inflamatório. Os parasiticidas são utilizados para tratamento específico do cisticerco; preferencialmente albendazol 15 mg/kg/dia por 8 dias ou o praziquantel 50 mg/kg/dia por 21 dias como segunda opção. Os parasiticidas podem ser repetidos se necessário, há outros esquemas que podem ser utilizados e não são eficazes em todos os casos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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