ESPM – NOVEMBRO/2007 – PROVA E COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não
luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, como ainda
Para as questões de 1 a 8, leia o texto:
proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente asadversidades da vida: nos períodos em que conseguimos levar
Carta sobre a felicidade (a Meneceu)
uma existência rica, predispõe o nosso ânimo para melhor
Epicuro
aproveitá-la, e nos prepara para enfrentar sem temor as vicissitudes
[.] Consideremos que, dentre os desejos, há os que
são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns
Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos
que são necessários e outros, apenas naturais; dentre os
referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem
necessários, há alguns que são fundamentais para a felicidade,
no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram
outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria
o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam
vida. E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar
erroneamente, mas ao prazer que é a ausência de sofrimentos físicos
toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a
e de perturbações da alma. [.] a prudência é o princípio e o supremo
serenidade do espírito, visto que esta é a finalidade da vida
bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia;
feliz: em razão desse fim praticamos todas as nossas ações,
é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos
para nos afastarmos da dor e do medo.
ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e
Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a
que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade. Porque
tempestade da alma se aplaca, e o ser vivo, não tendo que ir em
as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade, e a felicidade é
busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser
o bem da alma e do corpo, estará satisfeito. De fato, só sentimos
Tradução de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore.
necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência;
ao contrário, quando não sofremos, essa necessidade não se
01. Pode-se afirmar que a idéia central do texto é:
a) A prudência é o bem e a origem da própria filosofia.
Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem
b) A felicidade depende da escolha dos prazeres e das dores
por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que
evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o
c) Os desejos naturais são fundamentais para a felicidade.
mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos
d) Para nos afastarmos da dor e do medo, buscamos a
muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior
advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo.
e) A sorte advém da coragem em enfrentar as instabilidades
Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria
natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; domesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser
Resolução: A argumentação parte da premissa de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela. Já que somos
Consideremos ainda a auto-suficiência um grande bem;
capazes de suportar certas dores que objetivem a um bem maior, o
não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos
texto infere que a felicidade, força motriz das virtudes, mais facilmen-
contentarmos com esse pouco caso não tenhamos o muito,
te é atingida por um indivíduo auto-suficiente, para quem aquilo que
honestamente convencidos de que desfrutam melhor a
excede a suas necessidades básicas produz mais prazer. Tal argumento é concluído a partir do parágrafo transcrito a seguir:
abundância os que menos dependem dela; tudo o que é natural
Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso,
é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil. portanto, não só é conveniente para a saúde, como ainda proporci-
Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer
ona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversida-
que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor
des da vida: nos períodos em que conseguimos levar uma existência
provocada pela falta: pão e água produzem o prazer mais
rica, predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos prepara
profundo quando ingeridos por quem deles necessita. para enfrentar sem temor as vicissitudes da sorte. Alternativa B
02. No 3o parágrafo, há uma teorização sobre o “prazer”:
d) Aquilo que atende às aspirações essenciais da natureza
“Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria
humana; conjunto de fatores adequados a colocar e manter
natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos;
cada indivíduo no ápice de sua realização pessoal.
do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas
e) Tudo aquilo que serve de elemento a uma empresa ou entidade
para a formação do seu patrimônio aziendal (bens e direitos) epara a produção direta ou indireta do seu lucro.
Assinale a alternativa cuja idéia seja uma continuação Resolução: O sentido da palavra “bem” mais adequado ao texto é o de
busca pela realização do ser, como a alternativa D indica. Alternativa D
a) “Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto
ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se
04. O exemplo do “pão e água” no 5º parágrafo deve ser interpretado
rejuvenescer, e para o jovem poder envelhecer sem
sentir medo das coisas que estão por vir.”
b) “Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses
a) A “auto-suficiência” não consiste na satisfação com o pouco,
não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões
mas na percepção de que o pouco pode ser muito.
falsas. Daí a crença de que causam os maiores
b) A felicidade consiste na consciência de que é necessário
malefícios aos maus e os maiores benefícios aos
“habituar-se às coisas simples”.
c) A percepção do prazer advém de “sofrimentos físicos e
c) “Não são, pois, bebidas nem banquetes contínuos,
nem a posse de mulheres e rapazes, mas um exame
d) O “conhecimento seguro dos desejos” é condição para saber
que remova as opiniões falsas que tomam conta dos
e) “Os prazeres dos intemperantes” são alcançados após o “fim
d) “Então, o mais terrível de todos os males, a morte,
não significa nada para nós, justamente porque,
Resolução: No quarto parágrafo, o narrador afirma sobre a auto-
quando estamos vivos, é a morte que não está
suficiência: “(.) a auto-suficiência um grande bem; não que deva-
presente; ao contrário, quando a morte está presente,
mos nos satisfazer com pouco (.)”. Dessa forma, o exemplo do
“pão e água” serve para representar a idéia de que, diante da ne-
e) “Pois é livre para fazê-lo, se for esse realmente seu
Alternativa A
desejo; mas se o disse por brincadeira, foi um frívoloem falar de coisas que brincadeira não admitem. Se
05. No último parágrafo, define-se que prazer é “ausência de
ele diz isso com plena convicção, por que não se vai
sofrimentos físicos e de perturbações da alma”. As idéias grifadas
a) “Bem-estar corporal” e “felicidade”. Resolução: Seguindo a coerência da argumentação, devemos
b) “Serenidade do espírito” e “bem-estar corporal”.
presumir que os prazeres em excesso não levam ninguém àfelicidade. Para que se exerça tal bem, é fundamental o controle
c) “Saúde do corpo” e “serenidade do espírito”.
e o equilíbrio dos desejos e a satisfação das necessidades daí
d) “Felicidade” e “saúde do corpo”.
e) “Serenidade do corpo” e “saúde do espírito”. Alternativa C Resolução: A idéia de “ausência de sofrimentos físicos” representa “saúde do corpo”, enquanto “(ausência de) perturbações da alma”
03. No texto, “prazer” e “auto-suficiência” são definidos
representa “serenidade do espírito”. Alternativa C
pela palavra “bem”. Das acepções apresentadas(segundo a versão eletrônica do dicionário Houaiss),
06. No último parágrafo, no trecho: “é ela que nos ensina que não
assinale a alternativa que corresponda a esse sentido:
existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existeprudência, beleza e justiça sem felicidade.”, há estrutura de um
a) Conjunto de princípios fundamentais de determinada
círculo vicioso. Das alternativas abaixo, assinale aquela em que
sociedade referentes à vida e à dignidade,
isso não ocorre:
preconizados como propícios ao desenvolvimentoe ao aperfeiçoamento moral.
a) “A vida interfere no clima. Essa afirmação como o seu contrário
b) Aquilo cuja posse e fruição (física ou espiritual) julga
– o clima interfere na vida – são verdadeiras.”
a coletividade ser conveniente à manutenção e/ou
b) “Andar em círculo / É tão comum. / Mesmo sabendo /
c) Epíteto (alcunha) de ente querido ou amado.
Que não se vai / A lugar nenhum.” (Blog de Jjleandro)
cpv especializado na espm espm 11/11/2007 3
c) “Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é
09. Em sua coluna semanal no jornal Folha de S. Paulo, o prof. Pasquale
Cipro Neto tece, dentre outros, comentários a respeito de
manchetes com duplo sentido ou sentido literal estranho. Assinale
d) “A falta de investimentos em educação só gera mais
a única que NÃO ocorre nenhum dos problemas citados:
ignorância, que, por sua vez, só gera falta de
a) “Cantor apanha até a morte de PMs no MA”.
b) “Guindaste iça carro roubado em desmanche em São Paulo”.
c) “Motoristas que abusam do álcool freqüentemente são punidos
e) “Para um novo amor, é necessário esquecer um amor
pelos órgãos de fiscalização do trânsito”.
antigo. E para esquecer um amor antigo, é
d) “Após afirmar que posaria nua, ‘Playboy’ volta a cobiçar
necessário um novo amor.” (Abertura de um Blog)
Mônica Veloso”. Resolução: Apesar de tematizar o "andar em círculos",
e) “Governo e Congresso decidem reduzir o poder das agências”.
o trajeto é linear, paradoxalmente: vai-se a "lugar nenhum". Resolução: Na alternativa A, o leitor ficará em dúvida se o cantor apa- Alternativa B
nhou até a morte dos PMs ou se apanhou deles até a morte. A expressão de PMs, ao ser posposta ao substantivo abstrato morte, pode ser
07. No trecho: “não só é conveniente para a saúde, como
erroneamente compreendida como complemento nominal. ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar
Na alternativa B, o motivo da ambigüidade é o mesmo: em desmanche corajosamente as adversidades da vida” , o termo em São Paulo, ao ser posposto ao adjetivo roubado, impossibilita que
saibamos se se trata do lugar em que o guindaste içou o carro ou o local emque fora roubado.
Na alternativa C, o termo freqüentemente pode se referir tanto a abu- sam do álcool como a são punidos, o que torna a sentença ambígua.
Na alternativa D, o adjetivo nua pode se referir tanto ao substantivo
feminino Playboy quanto a Mônica Veloso. Alternativa E esponder as questões 10, 11 e 12: Resolução: O autor soma as conclusões de que o procedi- A Alegria
mento recomendado é conveniente para a saúde além de proporcionar ao homem os meios para enfrentar corajo- samente as adversidades da vida. Alternativa D Não acende um haloem volta de tua cabeça, não
08. No trecho inicial: “Consideremos que, dentre os desejos, há os que são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais”, justificam-se as três primeiras
vírgulas e a quarta vírgula respectivamente:
de uma alegria). Sofres tu, sofre
a) Pelo deslocamento de adjuntos adverbiais e pela
b) Pela separação de aposto e objeto direto
c) Pelo deslocamento de adjuntos adverbiais e
separação de objeto direto pleonástico. arrastando-se a berrar pela sarjeta
d) Pela repetição de “dentre” e pela ocorrência de
e) Pela intercalação de orações e pela ausência de
não. A dor te iguala a ratos e baratasque também de dentro dos esgotosespiam o solResolução: Dentre os desejos e dentre os naturais são dois
adjuntos adverbiais de lugar que, em posição natural, ficam
situados depois dos verbos a que se referem. Zeugma é a
omissão de um termo referido em uma oração antecedente, tal como ocorre com e outros, (que são) apenas naturais.
Ferreira Gullar, Na Vertigem do Diain:Toda Poesia. Alternativa A
11a ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001
10. De acordo com a leitura do poema de Ferreira Gullar, é
Resolução: A dor seria para Epicuro, em melhor paráfrase, algo
inerente ao mero fato de um indivíduo existir. é na relação que estabelecemos com nossa necessidade do prazer que aprende-
a) O título “Alegria” resume a idéia central do poema,
mos a conter nossas alegrias e evitar nossas dores. Ferreira Gullar
igualando conceitos de “alegria” e “sofrimento”,
parte da tese de que O sofrimento não tem nenhum valor.
“justiça” e “injustiça”, respectivamente. Alternativa C
b) Apesar de se tratar de um poema de orientação
modernista, apresenta regularidade métrica composta
Leia a propaganda e as afirmações abaixo para responder às
pela presença de redondilhas maiores. questões de 13 a 15:
c) Para alcançar momentos de verdadeira alegria, homens
e animais precisam necessariamente passar pelosofrimento.
d) O sofrimento não coloca o homem acima de outros
animais, ao contrário, iguala o ser humano até mesmoaos mais asquerosos dos animais.
e) A lembrança da alegria se desfaz diante do sofrimento
repugnante, cujo princípio iguala os homens a outrosanimais. Resolução: Na última estrofe do poema fica explícita a identida- de que o eu lírico traça entre seres humanos e outros animais em relação à experiência de dor, como afirma a alternativa D. Alternativa D
11. No texto de Ferreira Gullar, há palavras de registros
lingüísticos contrastantes que enfatizam a maneira violentacomo o “eu” tenta minimizar o sofrimento. Indique o par deexpressões que exemplifique esse contraste:
a) “Acende um halo”; “A dor te iguala a ratos e baratas”. b) “A justiça é moral”; “a injustiça não”. c) “A espinha quebrada a pau”; “seu corpo nojento”. d) “Lembrança ou a ilusão”; “Será maior a tua dor”. e) “Um cachorro ferido”; “o inseticida envenena”. Resolução: A próclise em A dor te iguala a ratos e baratas não se justifica pela gramática escrita culta, registro em que ocorre a expressão Acende um halo. Alternativa A
13. Assinale a alternativa que contenha dois recursos
12. Comparando o poema de Ferreira Gullar e a “Carta sobre a
lingüísticos presentes no cartaz anterior:
felicidade (a Meneceu)”, pode-se afirmar que:
a) Em ambos o sofrimento é tomado como única experiência
necessária para o alcance da felicidade plena.
b) Em ambos a vida regrada, sem o conforto do luxo, deve
ser tomada como meta ideal para se alcançar a alegria.
c) Enquanto na carta a dor é considerada sentimento
indispensável para o alcance da felicidade, no poema édispensável. Resolução: O efeito de humor é produzido pela aproximação dos significantes o sonho acabou, sendo expressões idênticas
d) Nos dois textos, a alegria é priorizada como única
condição capaz de levar o indivíduo à felicidade
a) do ex-Beatle, quando do anúncio do fim da banda;
b) do padeiro, para quem o significante sonho é também um
e) Tanto no poema quanto na carta, a felicidade é retratada
como sentimento inferior diante dos prazeres do
Alternativa B
cpv especializado na espm espm 11/11/2007 5
14. Ainda sobre o cartaz, é correto afirmar que tem sua idéia mais
Para responder as questões de 16 a 18, leia o poema abaixo: Minha desgraça
a) A importância atribuída a um enunciado, por vezes, se dá
pela adequação do contexto em que ele está inserido. Minha desgraça, não, não é ser poeta,
b) A desimportância atribuída a um contexto, por vezes, se
Nem na terra de amor não ter um eco,
dá pela adequação da fala em que ele está inserido. E, meu anjo de Deus, o meu planeta
c) A importância atribuída a um enunciado, por vezes, se dá
Tratar-me como trata-se um boneco.
pelo preconceito implícito na situação em que ele estáinserido.
d) A desimportância atribuída a um enunciador, por vezes,
Ter duro como pedra o travesseiro.
se dá pela situação social em que ele está inserido. Eu sei. O mundo é um lodaçal perdido
e) A importância atribuída a uma propaganda, por vezes, se
cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro.
dá pela boa escolha do intérprete nela inserido. Minha desgraça, ó cândida donzela,Resolução: O efeito da propaganda só é obtido pela explicitação O que faz que meu peito assim blasfema,
dos dois contextos distintos, em fontes menores, logo abaixo dos
Alternativa A E não ter um vintém para uma vela
15. I. O contexto não é necessariamente o ambiente físico, o
Álvares de Azevedo, Lira dos Vinte Anos
momento e o lugar da enunciação. [.] Diferentemente deenunciados autônomos como “Não fumar”, constituídos
16. Sobre o poema é incorreto afirmar que o eu-lírico:
de uma única frase, os enunciados geralmente sãofragmentos de uma totalidade mais ampla: um romance,
a) Apresenta, em tom sarcástico, que a pior “desgraça” de
uma conversa, um artigo de jornal etc.
sua vida é de ordem mais material do que espiritual.
Maingueneau, Dominique. Análise de textos de comunicação.
b) Tem como interlocutor uma mulher cuja caracterização se
dá ora pelo vocativo “anjo de deus”, ora por “cândida
II. O recurso ao contexto mobiliza a memória do intérprete,
que vai colocar uma dada unidade em relação a uma outra
c) Sente-se marginalizado em relação ao mundo por não ter
“vintém” suficiente para comprar uma vela.
III. Essa aptidão [de produzir e interpretar enunciados de
d) Faz crítica social contundente ao afirmar que o “anjo de
maneira adequada às múltiplas situações de nossa
deus” trata o homem como boneco e que o mundo é um
existência] não requer uma aprendizagem explícita; nós a
adquirimos por impregnação, ao mesmo tempo que
e) Expressa a subjetividade romântica a partir do uso dos
aprendemos a nos conduzir na sociedade. (idem)
verbos na primeira pessoa do singular e na confissão desua desgraça.
As reflexões relacionadas (de alguma maneira à capacidadede interpretação de um leitor) com o cartaz da questão 13
Resolução: Além do poema não apresentar uma crítica social con-
tundente, nos últimos versos da primeira estrofe, o sujeito que tratao eu lírico como um boneco é “meu planeta” e não a interlocutora
(apresentada nesses versos pela expressão “meu anjo de Deus”). Alternativa D
17. Os excertos abaixo foram extraídos de textos críticos sobre a
obra de Álvares de Azevedo. Assinale a alternativa cujaafirmação melhor se relacione à idéia central do poema:
Resolução: O terceiro excerto não fornece ao candidato, dado o recorte operado no texto de Maingueneau, a possibilidade de
a) “[.] a morte prematura do poeta – vítima da tuberculose
confrontá-lo com o anúncio. É obviamente correta a observaçãofeita pelo teórico acerca da própria natureza da relação contextual
e de uma queda de cavalo – associado às lamentações
na prática de leitura de qualquer indivíduo. O candidato, todavia,
relacionadas às frustrações amorosas [.] são por si só
não recebeu os elementos mínimos para inferir se a competência de
elementos de um melodrama.” (José Emílio Major Neto).
leitura de uma informação abrangeria, em Análise dos textos de
b) “[em sua poesia há] um lado de ironia e sarcasmo que está em
comunicação, a alfabetização, adquirida, quase sempre, num ato
grande parte vivo pela contenção da idéia e a secura
freqüentemente humorística do verso.” (Antonio Candido)
Questão Anulada pela Banca da ESPM
c) “[.] sofreu como nenhum, apavoradamente, o prestígio
c) Violenta, em que Fabiano, embora fraco, é bastante
romântico da mulher. Para ele a mulher é uma criação
absolutamente sublime, divina e. inconsútil [que não
d) Incomunicável, já que Fabiano não sabe se expressar
d) “Em vários níveis se aprendem as suas tendências para
e) Capitalista, em que Fabiano não “ter” nada significa
a evasão e para o sonho. A camada dos sonhos compõe
ritmos frouxos, cientemente frouxos, melodias lânguidase fáceis que se prestam antes à sugestão [.] que ao
Resolução: Quando o texto observa: “(.) ele não era homem: era
apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros (.)”
e) “[havia, em sua poesia,] o que lhe era sinceramente
evidencia uma perspectiva em que, socialmente, o ser humano émedido pelas suas posses (perspectiva vinculada ao capitalis-
pessoal – o seu erotismo entravado pela timidez, as
Alternativa E
suas afeições familiares, os pressentimentosmelancólicos derivados de uma saúde precária, a
Um certo Miguilim morava com a mãe, seu pai eRedação: Essa é a única observação que se aproxima da idéia seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-
sarcástica do eu-lírico sobre o valor social do fazer poético. do- Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ouAlternativa B pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutum. No meio
18. Álvares de Azevedo é reconhecidamente vinculado à
dos Campos Gerais, mas num covoão em trecho as matas,
geração “byroniana” do Romantismo. Essa característica
terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos.Campo Geral, Guimarães Rosa
fica mais evidente pelo uso de expressões como:
O trecho acima se assemelha às narrativas orais. Assinale a
a) “terra de amor” e “como trata-se um boneco”.
informação que NÃO contribui para esse aspecto:
b) “duro como pedra” e “cândida donzela”. c) “cotovelos rotos” e “dinheiro”.
a) A linguagem coloquial de caráter fabular
d) “Minha desgraça” e “O mundo é um lodaçal perdido”.
e) “escrever todo um poema” e “não ter um vintém”.
b) A repetição, própria da fala, de palavras
Resolução: O vínculo com a geração byroniana se expressa na dificuldade do eu-lírico de se adaptar ao mundo que o cerca, uma
c) A ação ocorrendo em meio à natureza
vez que este revela uma nova ordem de valores instaurada pelas
revoluções burguesas do início do século XIX, as quais tendem a
d) O caráter imaginário e, até certo ponto, mítico do espaço
Alternativa D
e) A apresentação das relações fundamentais, no caso
familiares, das personagens(“mãe, seu pai e seus irmãos”). [.] E, pensando bem, ele não era homem: eraapenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.Resolução: As informações desta alternativa, embora referenciais Vermelho, queimado, tinha olhos azuis, a barba e os
à vida interiorana, não acrescentam nenhuma informação à análise
cabelos ruivos;mas como vivia em terra alheia, cuidava
da variante utilizada pelo enunciador. de animais alheios, descobria-se, escolhia-se na presençaAlternativa C
Graciliano Ramos, Vidas Secas
Nesse trecho, na frase “ele não era homem”, dentre outras,o narrador alude a uma sociedade:
a) Machista, em que Fabiano não tem coragem suficiente
para enfrentar o poder representado pelo soldadoamarelo.
b) Adversa, pois o comportamento de Fabiano é
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